
Os amantes se plantam
numa safra de instantes.
Junto à terra porejam, junto ao pólen
de vozes e semanas e são juncos, correntes,
verdejantes prados. Os amantes pelo tato
se aguçam, frágil bússola
de numes esquecidos, portulano
de sonos e de sinos.
Os amantesse plantam
e cavando o limite se destinam
entre silos e sílabas.
Entregam colheitas e vivendas num rebelde
sorriso.
Os amantes de amar ficam mais vivos,
de se adentrar na terra, mais cativos.
E sólidos no esteio das nascentes
que desembocam neles:
humanos, inocentes.
Os amantes se plantam, trigo
e de plantar, amando, cobiçaram
tornar-se a terra e estar ao mesmo nível.
Carlos Nejar
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