terça-feira, 16 de junho de 2009

OS AMANTES ( PARTE IV )




Os amantes se plantam
numa safra de instantes.
Junto à terra porejam, junto ao pólen
de vozes e semanas e são juncos, correntes,
verdejantes prados. Os amantes pelo tato
se aguçam, frágil bússola
de numes esquecidos, portulano
de sonos e de sinos.


Os amantesse plantam
e cavando o limite se destinam
entre silos e sílabas.
Entregam colheitas e vivendas num rebelde
sorriso.
Os amantes de amar ficam mais vivos,
de se adentrar na terra, mais cativos.
E sólidos no esteio das nascentes
que desembocam neles:
humanos, inocentes.


Os amantes se plantam, trigo
e de plantar, amando, cobiçaram
tornar-se a terra e estar ao mesmo nível.

Carlos Nejar

Nenhum comentário:

Postar um comentário