terça-feira, 9 de junho de 2009

OS AMANTES ( PARTE II )


Eles vagam pelas ruas, os amantes.
Não andam sós.
Andam com os dias, os milênios.
De olhos e mãos em flor,
os campos crescem.
São vistos escondidos ou rebeldes.
O mundo, de inimigo, insufla a tarde.
Eles quebram o espanto
de se amarem
- limpos, avaros -
sem visar o amor,
como de um mar as sombras marulhassem
de tômbolos e ondas.
Rendidos, não se rendem
no confronto
de tanto se buscar
e se buscando,
arquivar o desígnio velejado.
Eles vagam nas praças
apontados
por invisíveis dons
de estar vivendo,
por insolúveis áreas
de coragem.
Mas rompem, desalteram.
E se amando, são eles estações.
Ilesos podem
apenas recolher
o já vivido.

Carlos Nejar


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