domingo, 30 de maio de 2010

ORFANDADE


A menina de preto ficou morando atrás do tempo,
sentada no banco, debaixo da árvore,
recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados.

Alguém passou de manso, com grandes nuvens no
[vestido,
e parou diante dela, e ela, sem que ninguém falasse,
murmurou: " A MAMÃE MORREU."

Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também.
O olhar caiu dos seus olhos, e está no chão, com as
[outras pedras,
escutando na terra aquele dia que não dorme
com as três palavras que ficaram ali.



Cecilia Meireles

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